Seguidores

.

.

sábado, 24 de novembro de 2012

Mulheres Afro-Brasileiras, Cabelo Crespo e Consciência Negra

Global Voices em Português - http://pt.globalvoicesonline.org -
Escrito por Yohana de Andrade On 20 Novembro, 2012 @ 12:15
 
“Pode ir de cabelo solto na minha escola, mas eu não gosto, porque ele seca e fica ruim. Meu cabelo é ruim”. A frase é dita por uma menina no web documentário Raíz Forte [1], que mostra como mulheres negras no Brasil lidam e lidaram com seus cabelos. Segundo a descrição do projeto na página do Facebook [1], o intuito é “gerar discussões acerca das relações com o cabelo enquanto forma de pertencimento e de explicitação da ancestralidade africana”.
No dia em que se celebra a Consciência Negra [2] no Brasil, 20 de novembro, convidamos a conhecer este filme cuja narração, feita em primeira pessoa, conecta às histórias das diferentes personagens, mostrando o preconceito sofrido pela sociedade e, muitas vezes, por elas mesmas ao longo da vida.
O documentário [3], dividido numa série de três episódios, começa por abordar os rituais de manipulação do cabelo crespo durante a infância da mulher negra, e depois mostra como várias mulheres agem diante das opções adquiridas durante a adolescência e juventude. O terceiro e último episódio apresenta experiências das personagens em relação ao cabelo crespo, da infância a juventude, que marcam sua história hoje.
 
 
Em entrevista ao blog Meninas Black Power [4], Charlene Bicalho, idealizadora do documentário Raíz Forte, compartilha sua própria experiência com seu cabelo. Segundo conta Charlene, sua “raíz” foi negada desde a infância até à idade adulta, passando por várias fases de disfarce, como as trancinhas, “o alisamento como a salvação do problema”, o consequente enfraquecimento do cabelo, a dependência de tratamentos químicos e caros. Até que, aos 26 anos, resolveu entrar num processo que lhe permitisse descobrir de novo como era o seu cabelo. E o resultado? Charlene conta:
comecei a ser abordada por mulheres negras, em ambientes que eu frequentava, perguntando o que eu fazia para meu cabelo ficar daquela forma. As abordagens aumentavam a medida que o meu cabelo crescia e isso começou a mexer comigo porque eu me via naquelas mulheres, via nelas meu cabelo de anos atrás. Comecei então a pensar algum projeto cultural onde pudesse abordar essa temática, no intuito de mostrar para essas mulheres que existem alternativas para tratar dos cabelos diferentes das que geralmente são ensinadas no âmbito familiar. Dessas reflexões surgiu o projeto RAIZ FORTE!
A relação entre preconceito, mulheres negras e cabelos crespo pode ser acompanhada em diversos setores da sociedade e mídia.
Como relata no site Jezebel, no artigo [6] intitulado “Bombril é palha de aço. Cabelo crespo é outra coisa”, Livia Deodato critica a relação entre o objeto e seu cabelo:
Aí, quando a gente pensa que todo este mal-estar ficou lá nos anos 80, vem a Bombril [empresa cujo principal produto é palha de aço, pejorativamente associada aos cabelos crespos], ciente da associação preconceituosa criada em torno da sua marca, claro, e lança um concurso para descobrir a nova melhor cantora do Brasil no programa do Raul Gil: Mulheres que Brilham, cujo logo é a sombra de uma mulher de perfil que tem cabelo crespo.
(O concurso [7], que durou entre junho e outubro de 2012, teve como vencedoras as cantoras Bruna e Keyla, notavelmente loiras e não afro-brasileiras).
O blog Cabelo Crespo é Cabelo bom [8], da jornalista Mariangela Miguel, tem o mesmo intuito do documentário: mostrar que o cabelo crespo é tão bonito quanto o liso:
Quando o seu cabelo só cresce para cima, como explicar para uma menina de 13 anos que ela não pode nem sonhar com o cabelo Chanel? Quem é o culpado? O cabelo ruim.
Acreditei nisso por muitos anos. Hoje, depois de tantas experiências (que vou fazer questão de contar cada uma para vocês), cheguei a seguinte conclusão: se meu cabelo fosse realmente ruim, não teria agüentado tanto secador, chapinha e química.
“Esse fenômeno pelo qual passam as cabeleiras das mulheres, principalmente as negras, não é exclusivo entre as brasileiras”, indica o blog Colherada Cultural [11]:
Nos Estados Unidos a questão está tão presente que virou tema de um divertido documentário chamado “Good Hair” [12] (ou “Cabelo Bom”, em tradução livre) (…) [que] mostra como age a indústria de produtos para cabelos voltada aos negros, bem como a ausência quase que total de personalidades negras que assumem os fios crespos.
Também no mundo da música a questão é retratada. Um exemplo é dado pela jovem psicóloga Jessica Sandim, que partilha [13] no seu blog a música “I am not my hair [14]“, da cantora norte americana India Arie, dedicando-a a:
nós que sempre, I mean, SEMPRE TODA A VIDA, entramos em conflito sobre nossos cabelos, nossa identidade, nosso gosto e a “maldita ditadura da sociedade”…
E também pra você que adora criticar tudo que é diferente.
A música faz uma apologia à recusa dos estereótipos incutidos pela sociedade, e tem sido partilhada pela blogosfera como “canto libertador”, descreve-o [15] assim a autora do Diário de Bordo, Bordado a Bordô [15], como “canto de quando já se chegou, canto de tributo à trajetória”.

Article printed from Global Voices em Português: http://pt.globalvoicesonline.org
URL to article: http://pt.globalvoicesonline.org/2012/11/20/brasil-consciencia-negra-mulheres-cabelo-crespo/
URLs in this post:
[10] Mulheres Africanas - A Rede Invísivel: https://www.youtube.com/watch?v=7hYEP1k5w84
[12] “Good Hair”: http://www.goodhairmovie.net/

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vigília pelo fim da violência contra as mlheres ocorrerá nesta 3ª feira, 27/11 - BA

NA PRAÇA EM FRENTE À OAB, EM SALVADOR/BA
 
Nesta 3ª feira (27.11), acontece a Vigília Feminista pelo Fim da Violência contra as Mulheres – Chega de Impunidade, na Praça em frente à OAB (Rua Portão da Piedade, nº16), em Salvador, das 17h30 as 19h30. Essa vigília tem o objetivo de dar visibilidade e denunciar todos os casos de violência não resolvidos pela Justiça, a falta e a precariedade dos equipamentos da Rede de Atenção às mulheres vítimas de violência doméstica. Além de depoimentos de mulheres e denúncias, a vigília terá momento de manifestação cultural com apresentação de teatro com a atriz Isabel Freitas e grupo.

A cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil, por dia 5.760 mulheres sofrem algum tipo de violência e por ano, 2,1 milhões de mulheres são agredidas. Cada notificação tem em média sete agressões anteriores. Das jovens brasileiras, em média 6,9 milhões são abusadas sexualmente antes de completar 18 anos, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, às mulheres vítimas de violência doméstica da Bahia. Só neste ano o estado baiano já registrou 4.278 casos de violência doméstica e sexual. Em Salvador, do mês de janeiro a outubro, foram 1.844 ocorrências.

A Bahia, atualmente, é o 3º estado brasileiro no ranking de notificações de denúncias de violência contra a mulher. Em primeiro lugar fica o Distrito Federal, seguido pelo Pará. Este resultado faz com que o Brasil ocupe a 7ª posição do mapa da violência em uma pesquisa feita entre 87 países pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça.

O Disque-denúncia, 180, registrou, no primeiro semestre de 2012, 388,9 mil atendimentos, dos quais 56,6% foram relatos de violência física. A violência psicológica aparece em 27,2%. Foram 5,7 mil chamadas relacionadas à violência moral (12%), 915 sexual (2%) e 750 patrimonial (1%), esses dados são da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, responsável pelo Disque-denúncia.

De acordo com a Coordenação de Documentação e Estatística Policial, o número de ameaças aumentou passando de 8.662, em 2011, para 11.639 ocorrências em 2012. O resultado poderia ser ainda maior se o medo e o constrangimento de denunciar seu agressor não existissem em alguns casos.

No dia 29 de novembro ocorrerá a Caminhada Unificada pelo Fim da Violência contra as Mulheres saindo da Praça da Piedade até a Praça da Sé, a partir das 14h. O ato irá reunir várias entidades, grupos, órgãos governamentais e não governamentais, todas unidas pelo fim da violência contra as mulheres. A Caminha contará com a presença e os tambores do Instituto A Mulherada com o lema: “Tocar sim, bater não”.



* Força Feminina: A vigília é promovida por diversas organizações do movimento de mulheres e feministas de Salvador e Região Metropolitana.


SERVIÇO

O Quê: Vigília pelo fim da violência contra as mulheres – chega de impunidade
Quando: 27 de novembro de 2012
Onde: Praça em frente a OAB em Salvador (Rua Portão da Piedade, nº16)
Horário: 17h30min – 19h30min
Contato: Louisa Huber – (71) 88520024
Maria Eunice Kalil – (71) 81787345
Marta Leiro – (71) 87967261  
CEAFRO – (71) 3283-5520

AGENDA: Participe e acompanhe a agenda da Secretaria de Políticas para as Mulheres e de outros órgãos.

Dia 25.11.12 – Vestir os símbolos da cidade de Salvador com a camisa dos 16 dias de ativismo. Responsável: SPM

Dia 27.11.12 – A Vigília vai acontecer, no dia 27, na pracinha em frente à OAB às 17h30min.

Dia 28.11.12 – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES Convida a todos para discutir o tema: “Saúde da Mulher e Direitos Sexuais e Reprodutivos” - às 19h, Biblioteca Central dos Barris Rua General Labatut, n 27, Barris

Dia 28.11.12 – Seminário sobre as mulheres presidiárias com a presença de todas as secretarias envolvidas. Responsável: SPM

Dia 29.11.12 – Grande ato das mulheres. 14h Local: Saída da Piedade/ Pelourinho/ Praça da Sé

Dia 10.12.2012 – Em comemoração aos 16 dias de ativismo, as voluntárias sociais da Bahia em parceria com o conjunto Penal feminino realizará o Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Programa de Melhoria da Saúde Materna e Neonatal com as gestantes em situação de prisão - Mata Escura Conjunto Penal Feminino as 14h.

Dia 03.12.12 – Debate sobre ativismo no Auditório do SESAT (esquina da rua Araújo Pinho com a Pedro Lessa, no Canela). Responsável: Regional Bahia da Rede Feminista de Saúde

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Livro aborda mulheres negras no século XXI

O livro Outras Mulheres: mulheres negras brasileiras ao final da primeira década do século XXI, organizado por Denise Pini Rosalem da Fonseca e Tereza Marques de Oliveira Lima, professoras do Departamento de Serviço Social, será lançado no dia 14 de novembro, durante o seminário Por Nós, Por elas e Por Outras: as militâncias de mulheres negras.

PROGRAMAÇÃO:
 
14:00 - 14:20 - Abertura
Luiz Roberto Cunha - Decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio
Luiza Helena Nunes Hermel - Diretora do Departamento de Serviço Social das PUC-Rio
Inez Therezinha Stampa - Cordenadora da Pós-Graduação do Departamento de Serviço Social
Coordenadoa: Denise Pini Rosalem da Fonseca
 
14:20 - 14:40 - Mulheres negras participando da construção dos seus direitos
Vídeo documentário - Criola, 2010.
 
14:40 - 16:00 - Escritoras negras - um sujeito que se autoenuncia na literatura afro-brasileira
Antonia Ceva - Intelectuais não-canônicas: a narrativa literária de escritoras afro-brasileiras
Giovana Xavier - Saindo da zona de conforto: experiência de pesquisa em raça e beleza nos EUA do pós-abolição
Helena Theodoro - Mulher negra e religiosidade afro-brasileira
Coordenadora: Magali Almeida
 
16:00 - 16:20 - Intervalo
 
16:20 - 18:00 - O ativismo de mulheres negras e a constituição dos direitos
Carolina Fernanda Silva - Pertença religiosa e identidade da mulher negra
Adriana Severo Rodrigues - Mulheres negras e sistema prisional
Jussara Francisca de Assis - Mulheres negras e empresas
Sandra Regina Marcelino - Mulheres negras lésbicas
Coordenadora: Vanessa Santos do Canto
 
18:00 - 19:00 - Outras mulheres: uma história que precisa ser conhecida
Lúcia Xavier - O significado de servir
Jurema Werneck - O valor de militar
Mãe Beata de Yemonjá - A importância de cuidar
Coordenação: Reinaldo da Silva Guimarães
 
19:00 - 21:00 - Coquetel de lançamento do livro Outras mulheres: mulheres negras ao final da primeira década do século XXI.
Organizado por Denise Pini Rosalem da Fonseca e Tereza Marques de Oliveira Lima.

domingo, 4 de novembro de 2012

Mulheres: inscrições abertas para o Programa Bolsa-Atleta

Estão abertas e vão até o dia 17 de novembro as inscrições para o Programa Bolsa-Atleta. Consideramos bastante importante divulgar a informação nas Escolas de Ensino Médio, Universidades, instituições esportivas e outros órgãos e entidades dos seus municípios e/ou estados, *estimulando a participação das mulheres.
 
O número de bolsas concedidas às mulheres vem crescendo, mas ainda fica praticamente 20 pontos percentuais abaixo do número com que os homens tem sido beneficiados.
 
De forma semelhante a outros campos, no Brasil as mulheres vivem desigualdades significativas com relação ao esporte e lazer, mesmo sendo apontados como direitos pela Constituição Federal. Várias modalidades esportivas foram, durante muito tempo, consideradas inadequadas às mulheres, cujo corpo devia ser preservado para a maternidade.

Porém, apesar dos preconceitos, as mulheres vêm rompendo os limites impostos. Haveremos de mostrar que esse, assim como outros, não é um mundo exclusivamente masculino.

Já estamos trabalhando com o Ministério do Esporte, que tem se preocupado com as questões de gênero. O mesmo pretende atender a 100% das e dos atletas que estiverem dentro dos critérios nas modalidades dos programas olímpico e paralímpico e dos programas pan e parapan-americanos.

Mais informações sobre a Bolsa-Atleta e links para a inscrição podem ser encontradas na matéria divulgada no site da SPM:
<
http://www.spm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2012/10/24-10-bolsa-atleta-oferece-ate-r-3-100-mensais-para-esportistas-de-ategorias-olimpicas-e-paralimpicas>http://www.spm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2012/10/24-10-bolsa-atleta-oferece-ate-r-3-100-mensais-para-esportistas-de-ategorias-olimpicas-e-paralimpicas

Debate "E o Estado laico? Religiosidades, sexualidades, sociedade e o campo político brasileiro" - SP

 
 
O último ciclo de debates do ano organizado pelo Mapô - Núcleo de Estudos Interdisciplinar em Raça, Gênero e Sexualidade da Universidade Federal de São Paulo - Campus Guarulhos, tem como tema "E o Estado laico? Religiosidades, sexualidades, sociedade e o campo político brasileiro" e contará com as presenças de Rodney William Eugênio (mestre em Gerontologia Social, pesquisador sobre religiões de matriz africana e babalorixá); Yury Orozco (Católicas pelo Direito de Decidir) e de Sandra Duarte (Universidade Metodista).
Onde: Campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo - Estrada do Caminho Velho, 333; Bairro dos Pimentas; Guarulhos.
Horário: 18h