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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Palestra aborda experiências de mulheres caribenhas - BA

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domingo, 25 de julho de 2010

Livro para download: "Forito - Jovens Feministas Presentes"

A primeira publicação do Fórum Cone Sul de Jovens Mulheres Políticas, sob o título Forito – Jovens Feministas Presentes. O livro traz depoimentos, entrevistas e artigos a cerca da participação jovem e feminista, no enfrentamento das desigualdades entre homens e mulheres.
Mais que isso, o livro, composto por 144 páginas pretende dar visibilidade a um grupo de mulheres, que há oito anos reúnem-se e definem em conjunto estratégias que contribuem para a alteração de suas próprias realidades e do conjunto da população brasileira.
Nas páginas dedicadas aos depoimentos, serão encontrados relatos críticos de experiências pessoais e coletivas dessas jovens mulheres, onde trajetórias e bandeiras de luta não faltam. O envolvimento público na luta pela legalização do aborto, os processos de construção de candidaturas jovens e feministas ao Legislativo, as mobilizações sociais e a participação efetiva em espaços dedicados ao desenho de políticas públicas de enfrentamento das desigualdades estão entre principais assuntos.
Na seção de artigos e entrevistas, pesquisa, mobilização e sugestões para o poder público no trato da questão são as linhas orientadoras dos textos, que trazem à tona, assuntos como aborto, tráfico de pessoas, inclusão, participação e mobilidade social, o “encontro com o feminismo” e os desafios do diálogo intergeracional, e entre diferentes movimentos sociais e culturais.
Para fechar a publicação e ampliar o debate sobre o diálogo entre feministas jovens e não jovens, Lilian Celiberti, uruguaia, feminista e integrante “original” do Fórum Cone Sul de Mulheres Políticas, foi convidada a escrever sobre o tema, à luz de suas próprias reflexões e largo engajamento no movimento feminista na América Latina.
O livro produzido pela Fundação Friedrich Ebert, instituição idealizadora do Fórum Cone Sul de Jovens Mulheres Políticas, contou com a parceria da Ação Educativa e o apoio do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (Unifem).

FICHA TÉCNICA
Título: Forito – Jovens Feministas Presentes.
Organização:
Fernanda de Carvalho Papa e Raquel Souza.Autoras: Ana Adeve, Ana Lúcia Rezende, Atiely Santos, Áurea Carolina de Freitas e Silva, Camila Brandão, Fernanda Sunega, Jamile Carvalho, Julia Zanetti, Lilian Celiberti, Maria Divaneide Basílio, Mariana Bento Berthier, Natália Mori Cruz, Patrícia Lânes A. de Souza, Rachel Quintiliano, Raquel Melo e Raquel Souza.
Editora:
Fundação Friedrich Ebert.
Ano, local e páginas:
2009, São Paulo, 144p.
ISBN:
978-85-99138-08-3.
 
 

terça-feira, 20 de julho de 2010

Uma ialorixá vai coordenar o projeto Mulheres da Paz

Jaciara Ribeiro dos Santos, mais conhecida como Mãe Jaciara, sucessora de Mãe Gilda no Terreiro Axé Abassá de Ogum, será a primeira ialorixá baiana a coordenar um projeto federal. Amanhã (20),ela será empossada no cargo de coordenadora do Projeto Mulheres da Paz, que faz parte das ações do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e é realizado em parceria com o Governo da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). A cerimônia acontecerá às 9h, no auditório da SUCAB, no Centro Administrativo.

Iniciada no Candomblé há 23 anos Jaciara Ribeiro dos Santos é filha de oxum. Dez anos depois do falecimento de sua mãe biológica Gildásia dos Santos, começou uma caminhada longa na luta contra a intolerância religiosa, participando de seminários, realizando palestras e viagens por diversos estados brasileiros, defendo a causa da comunidade de candomblé e a causa do povo negro. Atualmente, ocupa o cargo de coordenadora nacional de religiosidade de matriz africana, na organização Coletivo de Entidades Negras (CEN).
Mulheres da Paz
O objetivo do Pronasci é prevenir e enfrentar a violência, com atuação por meio de ações sociais junto a jovens de 15 a 24 anos, em situação de vulnerabilidade social, das áreas metropolitanas do país.Para tanto, o Mulheres da Paz vem capacitando 700 mulheres, distribuídas nos municípios de Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Simões Filho. A função dessas mulheres é mediar conflitos das famílias que possuem jovens que vivem à beira da criminalidade ou que tiveram problemas com a lei.
Afirmando sentir-se privilegiada por ser a primeira mulher negra e religiosa de matriz africana a assumir a direção do projeto, Mãe Jaciara diz que não será somente uma coordenadora “e sim mais uma multiplicadora da PAZ”, prometeu.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha – Latinidades 2010

A Griô Produções, em parceria com o Fórum de Mulheres Negras do DF e com a Universidade de Brasília, realizam mais uma edição do Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, Latinidades, de 22 a 25 de julho no Museu da República.
O festival é oportunidade para consolidar uma data muito importante para as mulheres negras: o Dia Internacional da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, criado em 1992.
O tema do festival em 2010 é o Censo, sob o slogan: “Não deixe sua cor passar em branco” e em cada mesa do seminário será discutida a importância da auto-declaração para a formulação de políticas públicas voltadas para as mulheres negras.
O evento é uma ação afirmativa por empoderamento e melhores condições para as mulheres negras da América Latina e Caribe e, portanto, agrega embaixadas, movimentos sociais, instituições diversas, partidos políticos, Universidade de Brasília, Entidades Governamentais, Rede Afrolatina, entre outras parceiras.
 Em três dias latinidades apresenta seminários, apresentações culturais e uma feira afro.
Entre as artistas cotadas para a edição 2010 estão Thalma de Freitas, Paula Lima, Nós Negras, Martinha do Coco e Ellen Oléria, além de grande roda de capoeira, discotecagem e apresentação de basquete de rua, proporcionada pela CUFA-DF.
Acompanhe as novidades no blog da Griô!

Programação:
22 de julho – Cerimônia de Abertura. Tema: Censo 2010 “Não deixe sua cor passar em branco”.
23 de julho – Seminário Mulheres na Política e Saúde da População Negra
24 de julho – Seminário Mulheres na Educação e Mulheres na Cultura
25 de julho – Apresentações culturais e feira afro

Homenagem às mulheres negras - BA

No dia 30 de julho acontece a cerimônia de entrega do Troféu Dra. Edialeda Salgado, o evento será realizado às 8 horas, no Auditório do Conselho Estadual de Cultura, ao lado do Palácio da Aclamação no Campo Grande. Até a próxima semana os soteropolitanos poderão indicar a mulher negra que merece ser homenageada. Basta acessar www.mulhernegra.salvador.ba.gov.br e votar.

Com base na Lei 7.440/2008 o prefeito João Henrique instituiu o 25 de julho como o Dia Municipal da Mulher Negra. Este ano, o prêmio é também uma homenagem que a Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal da Reparação (Semur) faz a Edialeda Salgado, primeira mulher negra a ocupar uma Secretaria de Estado no Brasil e que sempre lutou em prol dos direitos das mulheres negras. Médica nascida no Rio de Janeiro, a ativista foi figura determinante no movimento de conquistas das mulheres.
Fonte: SEMUR

sábado, 17 de julho de 2010

Nota da SPM à imprensa: caso Eliza Samudio

A Secretaria de Politicas para Mulheres (SPM) lamenta que, às vésperas da Lei Maria da Penha (11.340/06) completar quatro anos de existência, o Brasil esteja presenciando casos de tamanha crueldade e violência como o de Eliza Samudio e Mércia Nakashima. Também é triste constatar a não aplicação desta Lei por parte de seus operadores, uma vez que foi criada especificamente para proteger as mulheres vítimas da violência doméstica.

No caso específico de Eliza Samudio, o 3º Juizado de Violência Doméstica do RJ negou o pedido de proteção a Eliza em outubro de 2009, por considerar que a jovem não mantinha relações afetivas com o goleiro Bruno Fernandes. Na ocasião, a Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá (DEAM) pediu à Justiça que o atleta fosse mantido longe da vitima, já que Bruno cometeu os crimes de agressão, e de cárcere privado, alem de ter dado substâncias abortivas.

A juíza titular do 3º Juizado, Ana Paula Delduque Migueis Laviola de Freitas, explicou em sua decisão que Eliza não poderia se beneficiar das medidas protetivas, nem “tentar punir o agressor”, sob pena de banalizar a Lei Maria da Penha. A magistrada entendeu que a finalidade da legislação é proteger a família, seja proveniente de união estável ou de casamento e não de uma relação puramente de caráter eventual e sexual.

O artigo 5°, inciso III da Lei Maria da Penha caracteriza como violência doméstica “qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independente de coabitação”. A legislaçào não estipula o tempo da relação, porque a violência doméstica e familiar contra a mulher se configura por meio de qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patrimonial. Qualquer relacionamento amoroso, portanto, pode terminar em processo judicial com aplicação da Lei Maria da Penha, se envolver violência doméstica e familiar contra a mulher e violar os direitos humanos.

Neste episódio, Eliza procurou proteção do Estado porque sofreu ameaças, lesões, cárcere privado e indução ao aborto. Apesar de sua integridade física e a da criança estar em perigo, seu apelo não foi atendido.

Para a Secretaria de Políticas para Mulheres, a alegação de que Eliza não precisava de proteção do Estado porque era apenas uma “amante” ou “ficante”, remete aos padrões antigos de preconceito contra as mulheres. Além disso, questiona a honestidade da vítima, que declarou que a relação não foi apenas de uma noite. O casal se encontrava comfreqüência e se falava por telefone. No entanto, após saber que Eliza estava grávida e que ele era o pai da criança, o goleiro terminou o relacionamento.

Não bastarão leis para proteger as mulheres se as suas vozes não forem ouvidas e se houver omissão do Estado. A omissão e desídia dos agentes são defeitos que maculam a atividade pública. O Estado tem de ser responsabilizado pelas suas ações, para evitar que mais mulheres sejam brutalmente assassinadas após buscar amparo e proteção legal. Este não é o primeiro caso – recordemos o caso Maria Islaine, Mércia, e outras tantas Marias e Eloás do nosso País.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Curetagem após aborto é a cirurgia mais realizada no SUS, revela estudo

Estudo foi feito por pesquisadores do Instituto do Coração com base em dados do Datasus de 1995 a 2007; especialistas avaliam que maioria dos procedimentos é decorrente de aborto provocado, pois os espontâneos, em geral, não exigem internação

14 de julho de 2010 | 0h 00
Karina Toledo - O Estado de S.Paulo
 
A curetagem após aborto foi a cirurgia mais realizada no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 1995 e 2007, segundo levantamento do Instituto do Coração (InCor), da Universidade de São Paulo. Com base em dados do Ministério da Saúde, os pesquisadores analisaram mais de 32 milhões de procedimentos nesse período. Ficaram de fora cirurgias cardíacas, partos e pequenas intervenções que não exigem a internação do paciente.
"Procuramos analisar o perfil epidemiológico das cirurgias que tinham um porte médio ou grande e, portanto, potencial maior de complicações", diz a médica Pai Ching Yu, autora da pesquisa. Ela explica que tanto partos como cirurgias cardíacas são habitualmente estudados separadamente por terem características muito peculiares.
Entre os 1.568 tipos de procedimentos avaliados, as curetagens ficaram na frente, com 3,1milhões de registros. Em seguida vieram as cirurgias para correção de hérnia (1,8 milhão), retirada de vesícula (1,2 milhão), plástica de vagina e períneo (1,1 milhão) e retirada do apêndice (923 mil).
"As informações disponíveis no Datasus não permitem diferenciar a curetagem resultante do aborto espontâneo da do provocado", explica a autora do estudo. O objetivo da pesquisa era avaliar dados como taxa de mortalidade e custo dos procedimentos para o sistema de saúde (mais informações nesta página). Os dados foram publicados na revista Plos One.
Segundo estimativa do Ministério da Saúde, a maioria das curetagens realizadas é decorrente de aborto provocado. O médico Thomaz Gollop, coordenador do grupo de estudos sobre o aborto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, concorda. "A maior parte dos abortamentos espontâneos não exige internação. As complicações são quase absolutamente resultantes de abortos provocados", diz . "Isso mostra que a lei vigente é completamente ineficaz. Além de não coibir, faz com que o SUS gaste uma fortuna com abortos mal-assistidos."
Lei. Pela legislação brasileira, o aborto só é permitido nos casos de estupro ou quando a gravidez representa risco de vida para a mãe. Também é possível obter autorização judicial quando o feto possui anomalia incompatível com a vida, como anencefalia.
De acordo com a antropóloga Debora Diniz, da Universidade de Brasília, levantamentos anteriores mostraram que o número de curetagens no País é alto, mas nunca havia sido feito um estudo comparativo desse porte. "E esses dados se referem apenas às mulheres que vão parar no serviço público."
Outro estudo recente também coordenado por Débora apontou que 15% das brasileiras já abortaram e 55% dessas mulheres precisaram ser internadas por complicações.
Para a diretora da Comissão de Cidadania e Reprodução, Margareth Arrilha, o dado levantado pelo estudo do InCor é importante porque surge em um contexto livre de contaminações ideológicas. "É difícil encontrar informações dessa natureza. E, quando surgem, são acusadas de estarem vinculadas às ideologias de seus autores."
A presidente da Associação Nacional de Mulheres, Dóris Hipólito, afirma que a solução não é legalizar o aborto, mas criar políticas públicas para as mulheres que incluam planejamento familiar, profissionalização e inserção no mercado de trabalho. "Problema de saúde pública não se resolve matando, mas salvando as vidas da mãe e do bebê."
Entre 2004 e 2009, o número de curetagens realizadas no SUS caiu de 241 mil para 183 mil por ano. Segundo Adson França, assessor especial do ministro José Gomes Temporão, isso é resultado das políticas de ampliação do acesso a contraceptivos.

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100714/not_imp580854,0.php

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Encontro de mulheres negras baianas e norte-americanas - BA

O Encontro acontece nesta sexta (09), das 14h às 18h, no ITEBA-Instituto de Tecnologia da Bahia na Mouraria, e objetiva a troca de experiências entre mulheres negras baianas e estadunidense. Na oportunidade serão debatidos temas como: violência contra a mulher, mulher negra no poder, cotas nas universidades, saúde da mulher negra etc.  

A mãe imortal da medicina

O drama desconhecido da mulher que abriu caminho para uma revolução
O Globo, 03-julho-2010
Ana Lucia Azevedo
 
Em 4 de outubro de 1951, uma mulher chamada Henrietta Lacks morria, após meses de sofrimento, numa ala destinada a “pessoas de cor”, no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos.

Aos 31 anos, Henrietta fora derrotada por um câncer de colo de útero.

Deixou cinco filhos órfãos. A doença devastou sua família. Mas Henrietta, sem saber, possibilitou uma revolução na medicina. Uma revolução que está por trás de uma imensidão de avanços médicos — da vacina da pólio à quimioterapia.

Mas a história de Henrietta é também um drama sobre injustiças dos sistemas de saúde, impessoalidade da ciência, pobreza e racismo.

Lançado este ano nos EUA e no Reino Unido, “The imortal life of Henrietta Lacks” (“A vida imortal de Henrietta Lacks”, Ed. Crown, sem previsão de lançamento no Brasil), da escritora e médica americana Rebecca Skloot, abriu uma discussão sobre direitos de informação de pacientes e o acesso à medicina.

E incomodou muita gente, de pesquisadores a grandes laboratórios farmacêuticos.

As células de Henrietta foram extraídas de seu tumor sem o seu consentimento durante uma cirurgia, meses antes de sua morte. Nem ela nem o marido Day Lacks foram informados pelo médico George Gey de que uma parte do tumor seria usada em pesquisa — um procedimento padrão naquela época.

“Hoje, pacientes precisam dar um consentimento geral antes de uma cirurgia, mas se amostras de células forem usadas depois em pesquisa, os médicos não precisam lhe contar”, destacou Rebecca Skloot.

A cirurgia não salvou a vida de Henrietta, mas as células possibilitaram alguns dos mais importantes progressos da medicina nos últimos 60 anos. Conhecidas pelo nome de código HeLa — das iniciais de Henrietta — elas se tornaram a primeira linhagem imortal da história. Por muitos anos, cientistas tentaram multiplicar células em laboratório, mas elas sempre morriam. As células de Henrietta foram as primeiras a se replicar indefinidamente. Em termos científicos, são imortais. Ninguém sabe exatamente por que as células HeLa se multiplicam tão bem. Uma explicação seria a extrema agressividade do tumor que matou Henrietta.
Família nunca recebeu benefícios
Culturas celulares servem, por exemplo, para testar novos remédios, estudar como uma doença evolui, descobrir se uma droga é segura e avaliar os efeitos da poluição no corpo humano.

Permitem investigar a ação de vírus e bactérias. Praticamente qualquer pessoa que já tenha tomado um medicamento se beneficiou das células de Henrietta Lacks. Vacinas, quimioterapia, reprodução in vitro, mapeamento genético — tudo isso só foi possível graças a uma jovem mãe que ganhava a vida com o cultivo do tabaco.

Cientistas já produziram mais de 50 milhões de toneladas de células de HeLa. Um pesquisador estimou que, juntas, essas células poderiam dar pelo menos três vezes a volta na Terra — Henrietta, um mulher lembrada como alegre e corajosa, media cerca de 1,5 metro. Em todo o mundo, as HeLa foram usadas em mais de 60 mil estudos científicos e Rebecca Skloot estima que dez novas pesquisas sejam concluídas a cada dia. Quando a família Lacks descobriu, por obra do acaso, o que havia sido feito, em 1973, as células de Henrietta já haviam viajado ao espaço — para testar a ação da falta de gravidade.

E a descoberta não trouxe qualquer melhoria a suas vidas.

“Para a ciência médica, não há problema se você usa células de uma pessoa em pesquisas para o bem comum.

Mas a história de Henrietta mostra que isso não é bem verdade — certamente não nos Estados Unidos. As células dela foram empregadas no desenvolvimento de tratamentos, mas esses mesmos tratamentos não estão ao alcance de quem não pode pagar, famílias pobres como os Lackses”, escreveu Rebecca.

Ela acrescenta que essas mesmas células ainda enriqueceram empresas, como bancos de células e indústrias de biotecnologia. Hoje, um tubo de HeLa custa cerca de US$ 260. A família jamais viu um centavo sequer.

Na verdade, tribunais americanos têm negado qualquer direito a pessoas cujas células e órgãos tenham sido usados em pesquisas que geraram lucros
Rebecca conta que se interessou pela história de Henrietta em 1988, numa aula de biologia, quando aprendeu a importância das HeLas, mas soube apenas que vinham de uma mulher negra que morrera de câncer. Não se satisfez e dedicou mais de 20 anos a pesquisar a vida da dona daquelas células. Entrevistou centenas de pessoas, ficou amiga da família e escreveu um livro para humanizar a ciência. Qualquer estudante de biologia ou medicina sabe o que são HeLas, mas pouca gente conhecia a história da mulher de onde vieram.

“Cientistas não gostam de pensar nas HeLas como pequenos fragmentos de Henrietta porque é muito mais fácil fazer ciência quando você dissocia suas amostras das pessoas das quais elas vieram”, afirmou à Rebecca um pesquisador chamado Robert Stevenson.

Henrietta se despediu do marido com o pedido de que cuidasse das crianças. Day Lacks tentou, mas com um salário miserável de operário negro na Virgínia dos anos 50 (US$ 0,80 a hora) não conseguiu evitar que a filha mais velha Elsie morresse pouco depois da mãe, internada no Hospital for the Negro Insane. A filha Deborah se tornou mãe adolescente e depois contraiu artrite, osteoporose, surdez nervosa e depressão. Outro filho, Sonny, tinha problemas cardíacos. O próprio Day teve os pulmões destruído pelo trabalho com amianto e morreu, em 2002, com câncer de próstata.

Em seu livro, Rebecca conta que a família Lacks, extremamente religiosa, acredita que, de alguma forma, o espírito de sua mãe continua entre nós, em cada uma das células HeLa espalhadas pelo mundo.

Para Rebecca, a maior lição da história de Henrietta, numa época em que a indústria médica se tornou um negócio bilionário e genes podem ser patenteados, é discutir o direito sobre o nosso próprio corpo e os limites e deveres da medicina.

CEAFRO muda de Coordenação e elege seu 1º Conselho Consultivo - BA

Às vésperas de completar 15 anos, a equipe do CEAFRO - Programa de Educação para a Igualdade Racial e de Gênero do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), da Universidade Federal da Bahia (UFBa) – realiza, na próxima 5ª feira, dia 8 de julho, às 17 horas, na sede do CEAO, localizada na Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho, Salvador/Bahia as posses da sua nova Coordenadora Executiva, a jornalista e professora Céres Santos, e do seu 1º Conselho Consultivo, constituído por eminentes lideranças e intelectuais negros/as.

Céres Santos trabalhou no CEAFRO como Assessora de Comunicação. Nos últimos quatro anos, atuou como professora substituta da Universidade do Estado da Bahia/UNEB, lecionando no curso de Comunicação Social, na cidade de Juazeiro. Ela ficará no lugar da socióloga e professora Vilma Reis que, por seis anos, atuou à frente do programa, coordenando projetos de formação de jovens, educadores/as, gestores/as públicos e outros, no enfrentamento do racismo e sexismo e na formulação de políticas públicas.

O CEAFRO procura, desde a sua fundação, em 1995, promover um diálogo entre a universidade, a escola pública e as organizações do Movimento Negro, através do trabalho direto com a sociedade civil negra, organizada através de blocos afros, comunidades de Terreiro, grupos de mulheres negras, posses do Movimento hip hop e comunidades quilombolas.

Essas ações tem contribuído para que o poder público implemente políticas públicas de Ações Afirmativas para a população negra. Fundado sob três princípios básicos da existência negra na Diáspora - Ancestralidade, Identidade e Resistência -, em sua trajetória político-pedagógica, o CEAFRO também tem investido em uma construção teórico-metodológica baseada nos referenciais identitários dos/as sujeitos/as nela envolvidos, por meio de várias publicações.

Contatos
Céres Santos - (71) 9989.7243
Vilma Reis – (71) 9994.3749

CEAFRO: Educação para a Igualdade Racial e de Gênero
Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho- Salvador/Bahia- CEP 40060-180 Telefax: 3322-2517 / Tel.: (71) 3283-5520 (71) 3283-5520 E-mail: ceafro@ufba.br site: www.ceafro.ufba.br

Fonte: Correio Nagô

Seminário “O Corpo e seus desdobramentos: reflexões interdisciplinares” - BA

(7-9 de julho 2010, Salvador, Bahia)
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais-UFBA
 
Local: Auditório do PAF 1 – Campus de Ondina
Programação: A proposta do seminário é reunir pesquisadores que contribuam à ampliar a discussão sobre o “corpo”, criando pontes entre áreas de estudo diversas, com sessões organizadas em torno a áreas temáticas. Sendo assim, pretende-se contar com a participação, quando possível, de pesquisadores de diversas áreas em cada sessão. A programação do evento é organizada em torno às seguintes sessões temáticas: 

Dia 07/07/2010
Abertura do evento  9:30-10 
10:00-12:00 Palestra abertura: Embodied marks: contribution of ethnographic approaches to the study of political violence, Christopher Taylor, University of Alabama, EUA (http://www.svf. uib.no/sfu/ vitalmatters/ cv_taylor. htm)
13:00 Almoço e confraternizaçã o (jogo da Copa)

Dia 08/07/2010
9:00-12:00  Mesa Redonda: Experiências e corpo 
Experimentação, representação e práticas da masculinidade (Fernando Vitor Lima, Escola de Ed. Física, UFMG http://lattes. cnpq.br/59366551 16367021)
Tecnologias de saúde e processos de corporificação da ‘raça’ (Elena Calvo González, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA http://lattes. cnpq.br/30545229 75273668)
Corpo, dor e violência (Cynthia Sarti, Depto. de Antropologia, UNIFESP http://lattes. cnpq.br/63242236 82846646)
Drogas, Experiência e Corpo (Edward MacRae, Depto. Antropologia UFBA http://lattes. cnpq.br/31685372 31736605
14:00- 15:00  Palestra – Carlos Steil
Corpo, imagens, religião (Carlos Alberto Steil, Depto. de Antropologia, UFRGS http://lattes. cnpq.br/87966687 41094021)
 
 
(08/07/2010 cont.)
15:00-18:00 Mesa Redonda: Artes e Corpos
Movimento, corpo, etnologia indígena (Ciane Fernandes,  Fac. Teatro, UFBA, http://lattes. cnpq.br/22767102 35171349)
Arte, Corpo e Educação – Márcia Strazzacapa Fac. Educação, UNICAMP,
http://lattes. cnpq.br/15740083 60415424)
 
Corpo e Cidade na Literatura da Belle Époque (Paulo César Alves, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, e Pós-Cultura, UFBA http://lattes. cnpq.br/40533837 42253379 )

Dia 09/07/2010
09:30- 12.30 Mesa Redonda: Corpo e imagens
Raça, corpo e estética (Osmundo Araújo Pinho, Centro de Estudos de Artes, Humanidades e Letras, UFRB http://lattes. cnpq.br/79431087 49679220)
Corpo, cinema e representações (Francisco Serafim,  Faculdade Comunicação, UFBA, http://lattes. cnpq.br/38659206 67222556)
Tecnologias obstétricas e construção de ‘pessoa’ (Lílian Chazan, IMS, UERJ http://lattes. cnpq.br/84610390 60589739)
14:00 -15:00 Palestra: Corpo e Sexualidades – Luiz Mott (UFBA)
15.00 as 18.00 Mesa Redonda: Corpos e “corpos”
Estudos interdisciplinares sobre o corpo: contribuições das Ciências Sociais (Miriam Cristina Rabelo, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA http://lattes. cnpq.br/72392675 96119717)
O Corpo e a mulher na História (Ligia Bellini, Depto. de História, UFBA http://lattes. cnpq.br/29616453 29761650)
Recriando o Iluminismo na Amazônia: Um golpe mortal para a pessoa cumulativa e o multinaturalismo Kaxinauá? (Cecília MacCallum, Depto de Antropologia, UFBA http://lattes. cnpq.br/53872605 17180416)
Corpo e cognição (Márcia Moraes, Universidade Federal Fluminense, http://lattes. cnpq.br/77143533 55111033 )
 
Encerramento  18 hrs

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ONU cria nova estrutura para o empoderamento das mulheres

Criação da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, denominada ONU Mulheres, é  resultado de anos de negociações entre Estados-membros da ONU e pelo movimento de defesa das mulheres no mundo

Numa decisão histórica, a Assembleia Geral da ONU aprovou por unanimidade hoje (2/7), em Nova York, a criação de uma nova entidade para acelerar o progresso e o atendimento das demandas das mulheres e meninas em todo o mundo. A criação da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, denominada ONU Mulheres, é o resultado de anos de negociações entre Estados-membros da ONU e pelo movimento de defesa das mulheres no mundo. Faz parte da agenda de reforma das Nações Unidas, reunindo recursos e de mandatos de maior impacto.

"Sou grato aos Estados-Membros, por ter este grande passo em frente para as mulheres e meninas de todo o mundo", disse o secretário-geral Ban Ki-moon, em um comunicado elogiando a decisão. "ONU Mulheres vai aumentar significativamente os esforços da ONU para promover a igualdade de gênero, expandir as oportunidades e combater a discriminação em todo o mundo", completou. A ONU Mulheres será construída a partir do trabalho de quatro instâncias das Nações Unidas, cuja atuação se concentra na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres:
 
• Divisão para o Avanço das Mulheres (DAW, criada em 1946)
• Instituto Internacional de Pesquisas e Capacitação para a Promoção da Mulher (INSTRAW, criada em 1976)
• Escritório de Assessoria Especial em Questões de Gênero  (OSAGI, criada em 1997)
• Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM, criada em 1976)

"Felicito aos dirigentes e funcionários da DAW, INSTRAW, OSAGI e UNIFEM pelo seu compromisso com a causa da igualdade de gênero e vou contar com o seu apoio à medida que entramos numa nova era no trabalho da ONU para as mulheres", disse o secretário-geral Ban . "Eu fiz a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres uma das minhas prioridades de trabalho para acabar com o flagelo da violência contra as mulheres, a nomeação de mais mulheres a altos cargos, os esforços para reduzir as taxas de mortalidade materna", observou Ban.

Durante muitas décadas, a ONU fez progressos significativos na promoção da igualdade de gênero através de acordos marco, tais como a Declaração e a Plataforma de Ação de Beijing e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. A igualdade de gênero não é apenas um direito humano básico, mas a sua concretização tem enormes implicações socioeconômicas. O empoderamento das mulheres é um catalisador para a prosperidade da economia, estimulando a produtividade e o crescimento.

No entanto, as desigualdades de gênero permanecem profundamente arraigadas em cada sociedade. Mulheres em todas as partes do mundo sofrem violência e discriminação e estão subrepresentadas em processos decisórios. Altas taxas de mortalidade materna continuam a ser motivo de vergonha global. Por muitos anos, a ONU tem enfrentado sérios desafios nos seus esforços para promover a igualdade de gênero no mundo, incluindo a descentralização dos financiamentos e ausência uma única instância para controlar r as atividades da ONU em questões de igualdade de gênero.

Pleno funcionamento: janeiro de 2011
ONU Mulheres, que estará em pelo funcionamento operacional em Janeiro de 2011, foi criada pela  Assembleia Geral para tratar desses desafios. Será uma instância forte e dinâmica voltada para as mulheres e meninas, proporcionando-lhes uma voz poderosa a nível global, regional e local. Vai melhorar, e não substituir, os esforços de outras partes do sistema das Nações Unidas (tais como UNICEF, PNUD e UNFPA), que continuam a ter a responsabilidade de trabalhar pela igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em suas áreas de especialização.

ONU Mulheres terá duas funções principais: irá apoiar os organismos intergovernamentais como a Comissão sobre o Status da Mulher na formulação de políticas, padrões e normas globais, e vai ajudar os Estados-membros a implementar estas normas, fornecendo apoio técnico e financeiro adequado para os países que o solicitem, bem como estabelecendo parcerias eficazes com a sociedade civil. Também ajudará o Sistema ONU a ser responsável pelos seus próprios compromissos sobre a igualdade de gênero, incluindo o acompanhamento regular do progresso do Sistema.

O Secretário-Geral Ban Ki-moon nomeará uma SubSecretária-Geral para dirigir o novo órgão. Aguarda sugestões dos Estados-Membros e parceiros da sociedade civil para definição do nome. A Subsecretária-Geral será membro de todas as instâncias superiores de decisão da ONU e apresentará relatórios ao Secretário-Geral.

Missão e orçamento
O orçamento da ONU Mulher será formado por contribuições voluntárias, enquanto que o orçamento regular da ONU vai apoiar o seu trabalho normativo. Pelo menos $ 500 milhões - o dobro do orçamento atual combinado de DAW, INSTRAW, OSAGI e UNIFEM - tem sido reconhecida pelos Estados-Membros como investimento mínimo necessário para a ONU Mulheres.
“ONU Mulheres terá um discurso forte e unificado em prol de mulheres e meninas de todo o mundo. Estou ansioso para ver esta nova entidade em funcionamento para que nós - mulheres e homens - possa avançar em conjunto em nossos esforços para alcançar os objetivos de igualdade, desenvolvimento e paz para todas as mulheres e meninas, em todos os lugares ", disse o secretário-geral adjunto Asha-Rose Migiro.

A resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas de criação da ONU Mulheres também abrange questões mais amplas relacionadas à ONU, estabelecendo uma nova abordagem para o financiamento de operações de desenvolvimento das Nações Unidas, agilidade ao trabalho dos organismos da ONU e melhoria dos métodos de avaliação dos esforços de reforma.

Contato da imprensa: Charlotte Scaddan, +1 917-367-9378, scaddan@un.org
Acesse o site www.unwomen.org
 
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