Seguidores

.

.

domingo, 25 de junho de 2017

Lima Barreto também se levantou contra o feminicídio


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sobre a descolonização do ser (no miudinho), por Zelinda Barros

Nos estudos que propõem a descolonialidade como antídoto para a colonialidade do poder, padrão de dominação em vigência desde a formação do colonialismo moderno, é recorrente o uso de termos como “Estado”, “poder”, “modernidade”, “capitalismo”, “patriarcado”, “racismo”, “epistemicídio” e outros, que fazem referência a fenômenos que envolvem nossa vida de distintas maneiras. Da mesma forma, na construção de retóricas e práticas políticas que promovam a reversão desse padrão de dominação que submete e massacra milhões de pessoas no planeta, também se recorre às noções de igual amplitude: “subjetividade”, “autonomia”, “pluralidade”, “interculturalidade”, etc. Proponho uma reflexão que nos faça começar por um ponto que considero crucial para o fortalecimento dessa luta: a necessidade de descolonizarmos nosso Ser. Não me proponho a teorizar sobre tais conceitos, mas a fazer uma reflexão sobre as experiências vividas numa sociedade colonizada, que incluem as interações que poderão nos construir como sujeitos capazes de darmos o necessário salto em busca do bem viver.
Não será possível alcançarmos as grandes coisas, se não começarmos a valorizarmos aquilo que ainda é considerado pequeno. A teoria foucaultiana sobre poder nos ajuda nessa empreitada ao lembrar-nos que o poder é multidirecional e funciona em rede. Se a coerência entre o que dizemos e o que fazemos ainda é uma utopia nesse nosso horizonte de luta, muito se deve ao fato de desprezarmos a importância das interações cotidianas, que concretizam ou simplesmente banem a possibilidade de construção coletiva com respeito efetivo às nossas diferenças.
A construção de uma subjetividade pautada na competição com a/o outra/o, na disputa de egos para que a nossa opinião prevaleça sobre as demais, na desconsideração das necessidades e limitações das outras pessoas, na busca pelo extermínio da/o outra/o, poderá ser erodida por formas de relacionamento horizontais, que assumam a força de uma contrapoder que, assim como uma pedra lançada no meio de um lago, repercuta em ondas por diferentes dimensões de nossa vida. Para tanto, é importante que valores como lealdade, respeito e cuidado (de si mesma e da outra pessoa) prevaleçam. Ao menos no nosso círculo de relações mais próximo, esses princípios devem reverberar.
Não tem sentido falarmos em descolonização, qualquer que seja o nível em que esse processo opere, se nos recusamos a apoiar quem sabemos precisar de ajuda ou utilizamos como critérios para que esse apoio seja dado a visibilidade que o gesto trará e o reforço positivo à nossa imagem pública. Como falarmos em resistência, se nos aliamos a quem tem mais poder para viabilizarmos projetos individuais, mesmo sabendo da forma desrespeitosa com que tratam pessoas subalternizadas e como atingem negativamente os interesses da coletividade? Como nos levantarmos contra o genocídio, se contribuímos para a morte epistêmica, institucional e física das pessoas que divergem de nós, ainda que estejam no mesmo lado da luta? Isso não significa que me coloco numa posição moralmente superior a você, companheira/o, pois também faço esses questionamentos a mim mesma tentando mudar minhas práticas cotidianas.
A solidariedade, imprescindível no campo das lutas sociais, ainda é entendida de forma simplista, como se sermos aliadas/os impusesse a obrigação de estarmos sempre nos mesmos espaços, concordando com todas as teses formuladas por quem está em evidência. Isso não significa acatarmos a deslealdade, a “puxada de tapete” e o desrespeito, mas, se o espaço para que a divergência e o contraditório se manifestem não estiver sendo assegurado, é um indício de que estamos falhando. Sigamos o princípio político do Estado africano do Kongo, surgido antes da penetração europeia: “Ban abatele, bana batelelwa” (“Onde há quem diz, deve se permitir que haja aquele que contradiz”).
Alguns dos nossos grandes desafios na luta contra processo de desumanização é rompermos com a tendência colonial à padronização e mudarmos o comportamento apenas em relação às pessoas que nos são familiares (afetiva e ideologicamente) ou por conveniência, e sermos verdadeiramente camaradas. E sermos camaradas não nos exime do cumprimento das nossas responsabilidades e da cobrança do cumprimento dos deveres das outras pessoas, pois, como ensinam nossos caboclos: “Camarada bom é irmão do outro. Um, corta o pau; o outro, arranca o toco”.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Oficina de Leitura Encenada para Mulheres Negras - BA




Oficina de análise de texto dramatúrgico e técnicas de leitura encenada, que propõe discutir cenicamente , questões e ou problemáticas, pertinentes ao universo de mulheres negras. 


Com o tema " Por quem choram as mães ? ", a primeira Oficina de Leitura Encenada " Só para Mulheres Negras ", promovida pelo Coletivo de Mulheres Negras ( COMUN ),pretende fazer uma reflexão acerca do exterminio de jovens negros nas periferias de Salvador, a partir do ponto de vista de mães e ou familiares. 

Dias 10 e 11 de junho das 14h às 17h. e das 9h. as 12h. respectivamente. No Espaço Cultural Alagados. – Grátis.

(71) 3317-6518 / (71) (71) 99718 6950
Inscrições presencial via WhatsApp : (71) 98826 8061 ( Enviar nome, idade ) ou preencher formulário disponibilizado no link: 
Chegar ao local 30m antes do inicio do evento 
VAGAS LIMITADAS


Guerreiras brasileiras: Laudelina de Campos Melo


terça-feira, 6 de junho de 2017

IMPERDÍVEL! Livro "El feminismo es para todo el mundo", de bell hooks, disponível para download



Os meios conservadores apresentam as feministas como mulheres anti-homens, sempre zangadas. Porém, muito ao contrário, o feminismo conseguiu melhorar a vida de todas as pessoas. Graças ao feminismo, todos vivemos de forma mais igualitária: no trabalho e em casa, em nossas relações sociais e sexuais. Graças ao feminismo, a violência doméstica já não é um segredo, tem se generalizado o uso de contraceptivos e todos somos um pouco mais livres.

Não obstante, o feminismo queria muito mais que igualdade entre homens e mulheres. Quando falava de fraternidade entre mulheres, queria superar as fronteiras de classe e raça, transformar radicalmente o mundo. O feminismo é antirracista, anticlassista e antihomófobo ou não merece esse nome. Muitas mulheres brancas fazem uso do feminismo para defender seus interesses, mas não mantém este compromisso com as mulheres negras, pobres e lésbicas; isso não é feminismo.

Uma mulher que reproduz o sexismo traz tanto prejuízo ao movimento quanto o beneficia um homem feminista. O feminismo é para as mulheres e para os homens. Precisamos de novos modelos de masculinidade feminista, de família e de criança feminista, de beleza e de sexualidade feminista. Precisamos de um feminismo renovado que explique com palavras sensíveis que pretendemos superar o sexismo e como colocar o apoio mútuo no centro. Isso é o feminismo. E esse é o objetivo desse livro.


(Traduzido do site Traficantes de Sueños por Zelinda Barros)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Café Cultural "A Importância Ética e Política das Intelectuais Negras" - BA



“A Importância Ética e Política das Intelectuais Negras”. Esse é o tema do “Café Cultural Ao Sabor do Saber” que será realizado no dia 08 de Junho 2017, às 18 horas, no Museu de Arte da Bahia (MAB), localizado no Corredor da Vitória, em Salvador. O evento tem como objetivo, entre outros, denotar a importância de intelectuais que se reconhecem como mulheres negras; e, por conseguinte, visa estimular reflexões acerca dos seus conhecimentos e de suas ações em diversos âmbitos da sociedade. 

Estruturado em um formato peculiar com “Palestra, Café Gourmet e Música Instrumental”, o “Café Cultural Ao Sabor do Saber” terá como convidadas Rosângela Araújo (NEIM-UFBA), Maísa Vale (ODARA - Instituto da Mulher Negra), Lívia Natália (Poeta) e Vilma Reis (Defensoria Pública do Estado), e, como convidado musical, o “Quarteto de Cordas da EMUS-UFBA”, composto por Ana Paulin, Beatriz Dias, Karen Nino e Letícia Ferreira e coordenado pela profª Drª Suzana Kato (Escola de Música da UFBA). 

O evento é uma realização da “In-Culture International Organization”, e, nessa edição será realizado com o apoio da Proext-UFBA através de seleção na Chamada para Concessão de Apoio à Organização de Eventos Estudantis, e da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH-UFBA). Conta ainda com o apoio do Museu de Arte da Bahia (MAB), do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM-BA), da Escola de Música da UFBA (EMUS-UFBA), do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM-UFBA), da Edufba, da Assufba, da Criasam, do Correio Nagô, do Laboratório de TV/Video da Faculdade de Comunicação (LabAV/Facom-UFBA) e da Faculdade 2 de Julho. O evento é aberto e gratuito. O acesso será feito mediante convite que será concedido no local, 1 hora antes do evento. Sujeito à lotação do espaço. 

Mais informações pelo link https://www.facebook.com/InCultureorg-937254806373554 ou pelo e-mail in.culture.org@gmail.com

VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais - PB



VI SEMINÁRIO NACIONAL GÊNERO E PRÁTICAS CULTURAIS: interfaces com as relações étnico-raciais

22 a 24 de novembro de 2017 – Universidade Federal da Paraíba

O Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais (SNGPC) iniciou com uma parceria promissora entre as Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Estadual da Paraíba. Com o objetivo de congregar professores e pesquisadoras/es, estudantes, especialistas, profissionais, integrantes de Organizações Não-Governamentais, Núcleos de Pesquisa, Centros e Programas Universitários de Estudos de Gênero no Brasil, o I Seminário Nacional Gênero e Prática Culturais, cujo tema central era: desafios Históricos e saberes interdisciplinares, aconteceu de 04 a 06 de setembro de 2007. O debate propiciado por ambas instituições no evento partiu de dois âmbitos estratégicos para a potencialização de ações educativas promotoras da equidade de gênero: primeiro, a articulação de pesquisas interdisciplinares e, segundo, a formação do educador, com vistas à atualização do conhecimento e à socialização de experiências na referida área.
II Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais, realizado nos dias 28, 29 e 30 de outubro de 2009, em torno da temática Culturas, leituras e representaçõesteve como objetivos: promover a reflexão e o debate das/dos participantes sobre as relações de gênero que se estabelecem em instâncias sociais distintas e analisar o discurso sobre gênero elaborado por diferentes representações culturais, na perspectiva de contribuir para a construção de novas relações de gênero pautadas na igualdade de oportunidades e no cumprimento aos direitos humanos.
III Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais representou um amadurecimento da parceria acadêmica entre as duas universidades citadas, desde 2007, quando se organizou a primeira edição, reunindo participantes oriundos de diversos estados do Brasil. A terceira edição empreendeu um esforço coletivo para conhecer e socializar a produção intelectual desse campo de conhecimento, a partir da temática central: Olhares diversos sobre a diferença. O evento propôs a reflexão sobre os processos sociais que têm convertido as diferenças sociais em fontes de discriminação e desigualdades, estimulando o diálogo entre diversas epistemologias contemporâneas (pós-modernas, pós-estruturalistas, feministas, teoria Queer, Estudos Culturais, Estudos Subalternos) que refletem sobre a forma como tais processos de diferenciação são construídos. A segunda preocupação que orientou o III Seminário era a criação de espaços de diálogo entre os saberes da academia e os movimentos sociais cujo campo de atuação é perpassado pelas questões abordadas.
No início da segunda década do século XXI, em nosso país, tal como no resto do mundo, os estudos acerca da problemática gênero e práticas culturais têm contribuído significativamente para a expansão teórica reflexiva, possibilitando entender as transformações constitutivas de relacionamentos e estilos de vida em uma determinada época e espaço. Nesse sentido, a realização e a promoção do intercâmbio de experiências entre estudiosos de diferentes instituições e regiões do país, a partir da década de 1970 (cenário de importantes lutas e conquistas), têm tratado, pois, do reconhecimento da histórica dimensão da desigualdade e exclusão sociocultural até então não trabalhada no âmbito acadêmico, sobretudo, em relação às, assim denominadas, minorias. A esta condição inovadora que se consolidou, ressalte-se que, nas últimas três décadas, foram produzidos nos Movimentos Sociais, nas Organizações Não-Governamentais e em outras instâncias da sociedade civil, inúmeros trabalhos, experiências, práticas, vivências e enfrentamentos, bem como monografias, dissertações e teses nos diversos Programas de Pós-Graduação, com destaque para áreas de conhecimento da Educação, Letras e Ciências Humanas. Imbuídas dessa consciência, a UFPB e a UEPB realizaram no período de 27 a 29 de dezembro de 2013 o IV Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais, tendo como tema central: subjetividades e contradiscursos.
As quatro edições aconteceram nos espaços da Universidade Federal da Paraíba de modo bastante exitoso e contando com a presença de pesquisadores/as, discentes e docentes das mais diversas IES, membros de outras entidades educativas, organizações não governamentais e movimentos sociais de todos os estados do país, revelando a importância do espaço dialogal criado pelo evento que, por sua vez, já tem seu lugar assegurado na área da Educação, das Ciências Sociais e afins.
Na quinta edição do evento que aconteceu no período de 26 a 28 de novembro de 2015, no Campus do Itaperi/UECE, a parceria foi ampliada para mais duas instituições que já têm estabelecido diálogos pelo intercâmbio na formação discente, docente e de pesquisadores/as, a UECE e a UFC. Desta feita, o V Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais pretendeu fomentar o debate a partir da temática central: Feminismos, cidadania e participação política no Brasil. Essa edição os 80 anos (1934- 2014) da garantia por lei da conquista do voto feminino que abriu espaço para a inserção política da mulher e consequentemente um avanço no exercício/vivência de sua cidadania.
É importante enfatizar que concepção de gênero que sempre orientou o Seminário é a de uma categoria relacional, isso quer dizer, que os gêneros se definem na relação com o outro, e sendo um aspecto das relações sociais e culturais de poder e de subjetivação, o gênero se articula com outros tipos de relações sociais – geração, raça, etnia, classe, profissão, sexualidade – de maneiras cada vez mais diversas, indicando novos sentidos e perspectivas de integração em relação à condição humana.
A partir desta perspectiva é que o VI Seminário Nacional Gênero e Práticas Culturais propõe como eixo central de discussões Interfaces com as relações étnico-raciais. Debate que se faz urgente considerando uma conjuntura que tem se destacado por uma permanência e, infelizmente, até ampliação, de violências de toda espécie que apontam insistentemente para intolerâncias a questões associadas a gênero, sexualidade, raça, etnia. Ora por um assunto, ora pela associação de mais de um deles. Concebemos que discutir a interface dessas temáticas pode contribuir para fomentar o respeito às diversidades, às diferenças e às identidades, bem como combater o preconceito e a discriminação associado(a) a tais questões.
O VI SNGPC tem o prazer de nesta edição comemorar dez anos de debates necessários e instigantes para a formação de pessoas mais éticas.
Esperamos por você!
SITE DO EVENTO: https://visngpc.com/evento/

quinta-feira, 1 de junho de 2017

FACEPE lança Concurso de Estudos de Gênero para estudantes de nível médio - PE


A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE), parceira da Fundação Joaquim Nabuco, lança a décima edição do Prêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero. O período de inscrições vai até 30 de junho de 2017.


A chamada convida os estudantes do ensino médio, técnico subsequente, graduação e pós-graduação, bem como professores do ensino médio e técnico subsequente, a apresentar redações, artigos científicos, relatos ou projetos de experiência pedagógica e roteiro para vídeo documentário digital de curta metragem. 

As premiações variam de R$ 5 mil a R$ 8 mil, auxílio para Participação de Pesquisador(a) em Congresso ou Reuniões no País (ACP), prêmio de R$ 20 mil para o ganhador da categoria de roteiro para vídeo documentário, tablets, assinaturas da Revista Continente e diploma de Reconhecimento Institucional. Confira mais informações em:http://migre.me/wIg43



Pensamento Feminista Interseccional - Lélia Gonzalez


O conceito de amefricanidade, de Lélia Gonzalez


Racismo, por Carolina de Jesus


Coletivo Angela Davis (UFRB) debate descolonialidade - BA


Sobre subserviência travestida de humildade (Zelinda Barros)

Diário da Bahia, 24 de novembro de 1940, domingo, p. 2
“SI QUER PRENDER SEU MARIDO”

I – Faça de sua casa um recanto alegre, florido e sempre tranquilo.
II – Esteja sempre em casa quando êle voltar do trabalho.
III – Receba-o sempre alegre, mesmo que chegue tarde, prestando muito serviço no escritório ou uma reunião com amigos.
IV – Não reviste nunca seus bolsos, nem abra sua correspondência privada.
V – Não gaste mais do que êle ganha.
VI – Tenha sempre uma mesa boa, escolhendo seus pratos prediletos e evitando os que não lhe agradem.
VII – Não mantenha amisade que lhe desagrade e não fale mal das suas.
VIII – Não se mostre nunca desconfiada de sua fidelidade.
IX – Afaste os seus parentes e receba os de seu marido com a máxima cordialidade.
X – Cuide bem de sua roupa, não deixando que nada lhe falte.
XI – Não discuta com ele. A razão está sempre de seu lado.
XII – Não se mostre demasiadamente culta e inteligente. Aos homens desagradam as mulheres que lhes sejam de nível intelectual superior.
XIII – Seja discreta no vestir e nas maneiras, quando sair.
XIV – Resolva sozinha os pequenos problemas domésticos, mas não deixe de consulta-lo nas questões pessoais e nos problemas mais sérios: ele deve se sentir o senhor absoluto do lar.
XV – Enfim, releve todos os seus defeitos, faça sobressaírem suas qualidades e adapte-se a todos os seus gostos, mostrando-se a companheira em tudo, mesmo que suas preferências não coincidam.
Só assim você será feliz.


Esse artigo de jornal da década de 1940 ilustra muito bem a representação de esposa ideal da sociedade da época. Essa mesma representação parece ter se atualizado e vem alimentado a expectativa de comportamento adequado às mulheres nos espaços de poder. Num evento ocorrido hoje, em que duas mulheres, uma negra e uma branca, disputavam um cargo público, nos pareceres emitidos por três das nove pessoas que julgaram os méritos das candidatas ao cargo, referências como as trazidas pelo texto acima puderam ser nitidamente percebidas, com um componente que fez toda a diferença: o direcionamento dessas expectativas sobre nós, mulheres negras.
O estranhamento provocado por mulheres negras que fogem ao que vem sendo socialmente prescrito a nós provoca reações das mais estapafúrdias, como querer que um comportamento assertivo, proativo, seja entendido como “arrogante”, “soberbo”. A mesma desqualificação e distorção que promovem ao representar ativistas negros como violentos e fechados ao diálogo, como se, sob a pressão cotidiana que o racismo nos submete, tivéssemos que responder sempre de modo gentil e cordial para não ferir suscetibilidades.
Sob o fogo cruzado do extermínio, que ceifa a vida de nossos jovens, devemos responder com alegria, servindo à mesa do opressor apenas os seus pratos prediletos. Sob a violência que mata silenciosamente ou ostensivamente mulheres negras, devemos manter uma postura que não desagrade, nem difame quem nos oprime. Temos que confiar em sua lealdade, mesmo quando somos sucessivamente preteridas nas situações em que apenas o “mérito” é considerado. Suportar impassíveis os sucessivos erros cometidos pelos homens brancos que há séculos estão no poder e fingirmos não saber que temos alternativas. Temos que nos manter apartadas e assumir uma postura infantilizada, pois não podemos ousar ameaçar quem nos oprime.
É, senhoras e senhores, essa é uma roupa que não nos cabe e nunca nos coube, pois fomos historicamente forjadas nas ruas, lutando pela sobrevivência, tecendo alianças e negociando, sem esquecer que nunca estamos sós. Afinal, forças visíveis e invisíveis nos acompanham, nos mantêm de pé e fazem da nossa felicidade uma felicidade guerreira!

Ciclo de Formação "Anarquismo, Gênero e Sexualidade" - BA


V Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião - RS

O Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião reúne pesquisadoras e pesquisadores, estudantes, lideranças comunitárias e de movimentos sociais e agentes governamentais de diversas partes do mundo, particularmente vindas dos países da América Latina. Em 2010, mais de 300 pessoas de 20 países participaram do IV Congresso, representando os mais diversos setores.

O objetivo central do Congresso é discutir questões atuais no campo da pesquisa, da atuação política e da vivência comunitária no cruzamento das temáticas de Gênero e Religião, desde as mais diversas áreas do conhecimento. Além disso, a cada edição, são escolhidos eixos temáticos que representam temas candentes que organizam tanto as conferências principais quanto as atividades gerais do evento. Para o V Congresso foram escolhidos como eixos temáticos “Ecologia – Economia – Ecumenismo”. Segundo Nancy Cardoso Pereira:

“Três palavras vizinhas se atritam aqui: economia, ecologia, ecumenismo. As três compartilham o oikos: unidade básica social (casa, mas também mundo). Simplificando: economia → oikos + nomos (lei/norma); ecologia → oikos + logos (compreensão/estudo); ecumenismo → oikos + forma do particípio passivo feminino (habitado/habitantes). São assim três formas de estar no mundo e de organizar a vida no mundo. Enquanto a economia dispõe, normatiza sobre o modo de produção da vida na relação com o mundo, a ecologia se ocupa de entender essas relações suas lógicas e implicações e o ecumenismo se pergunta pelas formas (objetivas e subjetivas) de ocupação/vivência do mundo”.

Além de pensar esses três eixos temáticos na relação com Gênero e Religião, o V Congresso também se insere no calendário de eventos relacionados aos 500 anos da Reforma Protestante. Nesse sentido, pretende também discutir os impactos e os significados da Reforma no século XVI em várias áreas do conhecimento e desde diversas perspectivas a partir dos três eixos temáticos propostos.

Todas as pessoas, grupos, organizações e instituições estão, desde já, convidadas a participar do processo de construção desse evento que, além de um espaço de reflexão acadêmica e científica, pretende ser um grande encontro de troca de saberes e construção de alternativas.

Clique AQUI para acessar o site do evento.