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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cartilha chama atenção para casos de violência contra mulheres

Por Karol Assunção *

No ano passado, de acordo com informações da Rede de Mulheres contra a Violência, 79 mulheres foram assassinadas por seus (ex-) companheiros na Nicarágua. A situação é grave e preocupante. Para chamar atenção da sociedade para o aumento da violência contra mulheres, meninos e meninas e tentar mudar essa realidade, a Fundação Pontos de Encontro para Transformar a Vida Cotidiana elaborou a cartilha “Podemos viver sem violência”.
Baseado nos resultados da pesquisa “Prevenindo a violência com meninas, meninos, adolescentes e jovens em Ciudad Sandino e Malpaisillo” – realizada entre novembro de 2009 e abril deste ano -, o suplemento tem o objetivo de incentivar a população a refletir sobre a violência e buscar formas de erradicá-la.

“É muito importante que todas e todos possamos reconhecer que todo tipo de maltrato é violência e que produz enormes danos ao desenvolvimento das pessoas e de toda a sociedade. O autoritarismo e a violência reprimem o direito e a capacidade de pensar e atuar das pessoas. Precisa erradicá-los de nós mesmos/as e da sociedade inteira”, comenta.
Na cartilha, a Fundação destaca o aumento de casos de feminicídios no país. De acordo com o suplemento, cinco de cada dez mulheres casadas na Nicarágua afirmaram já ter sofrido abuso verbal ou psicológico por parte de seu marido ou antigo companheiro. Além disso, três de cada dez comentaram que sofreram violência física e uma de cada dez já foi vítima de violência sexual.
A cartilha informa que, a cada dez casos registrados na polícia como violência intrafamiliar, nove aconteceram contra mulheres. “Em meninas e meninos menores de 10 anos que foram vítimas de violência intrafamiliar, as quantidades são parecidas, no entanto, o risco das meninas sofrerem violência aumenta à medida que vão crescendo”, acrescenta.
Prova disso é o que revela o suplemento com base em dados de 2005. De acordo com o texto, naquele ano, para cada menino entre 11 e 15 anos vítima de violência intrafamiliar, três meninas haviam sofrido o mesmo tipo de agressão. Entre 16 e 20 anos, sete meninas foram agredidas enquanto somente um rapaz passou pela mesma situação. E, para cada jovem entre 21 e 25 anos, 14 mulheres de idade semelhante sofreram violência.
“Existe um clima de violência generalizada. Destaca-se a violência contra as mulheres e é comum o assédio e a violação sexual. As mulheres jovens são as mais agredidas quando andam pela rua, e mais ainda quando não andam com um homem. Isto limita sua liberdade de movimento e desenvolvimento, pois se faz mais difícil sair para estudar, entreter-se ou participar de outras atividades sociais fora de casa”, constata.
De acordo com a cartilha, o machismo e o poder desigual que a sociedade dá aos adultos sobre as crianças ainda faz com que muitas pessoas utilizem a violência, pois acreditam que a mulher ou a criança (em relação aos pais) são “propriedades” deles. Para a cartilha, é importante que as pessoas reflitam sobre a questão de gênero, violência e sexualidade para, assim, saber reconhecer os diferentes tipos e consequências da violência e tentar combatê-la.


* Jornalista da Adital

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