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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PNUD lança indicador de disparidade de gênero

Nova York, 04/11/2010
Nova medida de disparidade entre gêneros indica que perda mundial é de 56%; índice brasileiro é o 80º em lista de 138 nações e territórios






 
O RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano), apresentado nesta quinta-feira em Nova York, apresenta o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero), que capta as desvantagens das mulheres e as perdas de potencial de desenvolvimento em três dimensões que espelham o IDH: saúde reprodutiva, empoderamento (autonomia) e atividade econômica.
Na primeira dimensão, são contabilizados a mortalidade materna e a proporção de adolescentes que tiveram filhos. Na segunda, o percentual de homens e mulheres no parlamento e de homens e mulheres de 25 anos ou mais com pelo menos o segundo grau completo. A desigualdade na atividade econômica é mensurada pela participação dos dois sexos no mercado de trabalho.
O IDG varia de 0 a 1, e, ao contrário do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quanto mais próximo de 1, pior — ou seja, maior é a desigualdade entre os gêneros. Ele reflete, segundo o relatório, “a perda no desenvolvimento humano resultante da desigualdade entre as realizações femininas e masculinas nessas dimensões”.
A desigualdade entre os sexos faz o Brasil perder 63% de seu potencial de desenvolvimento humano. O país aparece em 80º lugar na lista de 138 nações e territórios, com índice de 0,631.






O relatório aponta que países com IDH baixo geralmente apresentam desigualdades acentuadas entre os gêneros. As dez nações com maiores discrepâncias entre homens e mulheres são Camarões (0,763), Costa do Marfim, Libéria (0,766), República Centro-Africana (0,768), Papua Nova Guiné (0,784), Afeganistão (0,797), Mali (0,799), Níger (0,807), República Democrática do Congo (0,814) e Iêmen (0,853). Já os países mais igualitários nesse sentido são Holanda (0,174), Dinamarca (0,209) e Suécia (0,289).
“Dar oportunidades iguais a meninas e mulheres em educação, direitos sociais, política e tratamento médico não é apenas uma questão de justiça social, mas um dos melhores investimentos a serem feitos para o desenvolvimento”, afirma Jeni Klugman, chefe da equipe que elaborou o RDH.
O Brasil se destaca na proporção entre homens e mulheres com pelo menos o ensino secundário completo. É o 17º país com situação mais favorável a elas nesse indicador. A proporção de brasileiras que alcançaram esse nível de escolaridade é 2,5 pontos percentuais maior que a de brasileiros. O país é um dos 34 em que a parcela de mulheres com ao menos o ensino médio completo supera a de homens. “Um nível de educação superior aumenta as liberdades das mulheres ao fortalecer a capacidade delas para questionar, refletir e atuar sobre sua condição, e ao aumentar o acesso à informação”, destaca o relatório.






No outro indicador de autonomia, o percentual de cadeiras no parlamento nacional para pessoas do sexo feminino, o Brasil aparece apenas no 127º lugar. Ruanda é o destaque, com 50,9% de assentos — é o único país em que elas predominam no parlamento. “A represen¬tação parlamentar nacional, que reflete a visi¬bilidade das mulheres na liderança política e, em termos mais gerais, na sociedade tem aumentado ao longo dos tempos — embora a média global seja apenas de 16%”, aponta o RDH.












A participação de mulheres no mercado de trabalho (exercendo atividade profissional ou procurando emprego) é de 64% no Brasil. A porcentagem ainda é inferior à registrada entre os homens (85,2%), mas supera a média mundial (57%). No quesito desigualdade na força de trabalho, o país aparece na 96ª posição. O destaque positivo é Burundi, onde 91,5% das pessoas do sexo feminino trabalham.






Os indicadores de saúde não refletem exatamente desigualdade entre homens e mulheres, pois dizem respeito a maternidade. O que eles demonstram é o grau de atenção que a sociedade dá a um parto seguro e, portanto, á saúde reprodutiva da mulher. Se nos outros grupos de indicadores o cenário ideal é uma ausência de desigualdade de gênero, aqui é o cumprimento do que deveriam ser metas da sociedade: nenhuma morte materna, nenhuma gravidez adolescente não planejada.
No entanto, é justamente nesta dimensão que a perda em desenvolvimento humano é maior, e em todas as regiões do planeta: 99% na África Subsaariana, 98% no Sul da Ásia e 96% nos países árabes e na América Latina e Caribe. “A reprodução tem sido um risco, e frequentemente começa muito cedo, comprometendo a saúde e as oportunidades futuras”, frisa o estudo do PNUD.
Na taxa de mortalidade materna, o Brasil aparece em 79º, com 110 óbitos em 100 mil partos — número menor que as médias latino-americana (122) e mundial (273).







Já na fertilidade de adolescentes (número de nascimentos a cada mil mulheres com 15 a 19 anos) o número brasileiro (75,6) supera tanto a média da América Latina (72,6) quanto a global (53,7). O país fica na 123ª posição nesse indicador — neste caso, quanto menos jovens deram à luz, melhor a colocação no ranking.





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